O Analista de Bagé

Houve uma época da minha vida que acabei ficando viciado em sexo.

Para mim era normal, mas, as pessoas começaram a comentar quando me viam cada dia com uma mulher diferente e, elas mesmo já falavam que não aguentavam mais passar tantas horas por dia/noite fazendo sexo. Mesmo as profissinais(que estavam virando minhas amigas), já tinha até um cartão fidelidade.

Então, resolvi que iria em um analista, que diziam ter vindo de Bagé, e atendia no Rio de Janeiro. Um gaúcho pra esses lados do Brasil, oras, era tudo o que eu queria, alguém pra me sentir mais confortável.

Comprei uma passagem para o Rio de Janeiro, no avião conheci Gabi, uma das comissárias de bordo. Ela concordou que eu pudesse estar viciado em sexo depois que ela foi demitida ao nos pegarem no banheiro do avião.

Fui ao tal consultório no baixo Leblon. Foi a hora de 50 minutos mais cara da minha vida pra tomar um joelhaço, tomar um mate e trovar com um senhor fumando um cigarro de palha e deitar em um pelego. Além disso, ouvi pra largar de ser fresco, que era pra ficar feliz que não era veado, mas que eu tinha que deixar o bigode crescer e parar de usar jeans e comprar uma bombacha, pois tava a perigo.

Ele me convidou para ir a uma de suas sessões em grupo pra ouvir as opiniões de todos. Fui, e nessas horas a Gabi já estava me dando certeza do meu vício por sexo.

Tinha uma gaita bonita tocando, dava até vontade de dançar.
- Sou de Carazinho, sou megalomaníaco! O maior de todos!
- Meu nome é Hortência. Sou mais ciumenta que mulher de tenente.
- Eu sou Salustiano, e minha mulher quer deixar o Rio Grande e vir para o Rio, pois cansou de ver mato e quer ver o mar, mesmo sabendo que o mar é um mato que afunda.
- Clarindo. Gosto de usar vestido e meu sonho é usar tranças.
- Coronel Macedônio, pensava ser metade homem, metade cavalo.
- Orestina, eu sou viciada em sexo.
- Rafael, eu sou viciado em sexo.
Dancei com a Orestina uma marca, saímos juntos pra compartilhar experiências, nunca mais voltamos ao consultório.

Acho que agora estou curado, pelo menos, a Orestina não reclamou nenhuma vez sobre eu ser viciado ou algo parecido.

Valeu, Analista de Bagé!