29.12.13

O asfalto brasileiro é mesmo uma porcaria?

É.

Utilizamos tecnologia de 50 anos atrás, não seguimos normas técnicas e não prevemos uma garantia de funcionamento.

Vamos pensar juntos: Você vai reformar o chão da sua casa, e você quer algo muito bom. Você explica para o pedreiro como quer cada pedacinho do seu novo chão e fecham o orçamento em R$ 1000,00. A obra é feita e o pedreiro lhe diz que o chão vai durar 8 anos sem problema. Mas, 3 meses depois, vários buracos e defeitos estão no seu chão e, pra reformar, o mesmo pedreiro lhe cobra R$ 700,00!

É bem assim que acontece na vida real, né? Você pagaria 70% do que já pagou de novo, três meses depois, por uma coisa que lhe disseram que duraria anos.

Como assim não é? Você acha que o pedreiro teria que fazer as reformas necessárias, já que a promessa de 8 anos não foi cumprida? Acho que um de vocês deveria estar cuidando da infraestrutura das estradas.
No primeiro semestre de 2013, o Tribunal de Contas da União resolveu fazer uma fiscalização mais rigorosa de 11 estradas completamente novas ou refeitas pelo país.

o que o TCU encontrou, para ficar em um exemplo extremo, foi a BR-316, no Maranhão. Em seu primeiro ano de vida nova, ela já apresentava problemas em 82% de sua extensão, “inclusive com trechos em que não há mais revestimento asfáltico”, dizia o relatório do tribunal.

Era uma rodovia que deveria durar 8 anos, segundo o contrato.

Trata-se de um episódio absurdo, mas poucos brasileiros se dirão consternados por ele. Muito provavelmente, porque estes mesmos brasileiros se lembram das últimas obras de recapeamento de vias em suas cidades, tão comemoradas por políticos locais.

Na maior parte dos casos, como disse um especialista ouvido por EXAME.com, elas não duram “duas chuvas”.

Diante deste cenário, em que as autoridades desejam que os cidadãos comemorem operações tapa buraco - por si só um atestado de trabalho mal-feito, seja no projeto, na construção ou na manutenção – é de se perguntar porque as estradas em países desenvolvidos não só parecem melhores, como duram mais.

Para tirar o assunto a limpo, EXAME.com conversou com dois professores universitários que lidam com pavimentação diariamente tanto em sala de aula quanto na prática, por meio de empresas de consultoria em engenharia.

As declarações não são nada surpreendentes, mas servem para constatar o óbvio: é hora de se exigir que novas rodovias sejam feitas com projetos técnicos realistas, que estes sejam integralmente seguidos pelas construtoras e posteriormente checados pelo governo na entrega. E que, daí, se siga a manutenção.

Hoje falhamos em todas essas etapas, e não por falta de capacidade. É certo: a conta sai muito mais salgada no "modus operandi" atual do que se houvesse seriedade em todo o processo.

Voltemos ao exemplo da BR-316: os 107 milhões que saíram dos cofres públicos para recapear a rodovia, um investimento que deveria durar no mínimo 8 anos, foram seguidos por uma nova licitação apenas três meses após a entrega. Era preciso, afinal, recuperar o que já havia sido recapeado. De graça? Não, ao custo de outros 72 milhões de reais.

Leia a matéria completa em Exame.com

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