Vou ser o Papai Noel!
Por baixo da famosa roupa vermelha, dois piercings nos mamilos e 94% do corpo tatuado. Se o trenó do Papai Noel do Shopping Center Norte tivesse som, não haveria espaço para músicas natalinas. A viagem do Polo Norte até São Paulo teria como trilha sonora AC/DC e Black Sabbath.
Nas quatro horas diárias em que atende centenas de crianças no centro de compras, Vitor Sanchez Martins, de 58 anos, reflete a imagem mais tradicional do Bom Velhinho: barba e cabelos brancos naturais, bochechas rosadas, barriguinha saliente. Fora do trabalho, ele chama a atenção exatamente por ter um estilo diferente da maioria dos Noéis.
"Só não tenho tatuagem no rosto porque me impediria de trabalhar, mas o resto do corpo é fechado (por desenhos). Tenho tatuagem desde o contorno da unha do pé até atrás da orelha", conta. A barba longa cobre as tatuagens do pescoço. As luvas brancas tapam os desenhos das mãos. Para as crianças, nenhum indício de que aquele é um Bom Velhinho de estilo radical.
Essa abertura para a diversidade artística, porém, acabou fazendo com que Martins levasse um "apavoro" da Polícia Militar antes de virar Papai Noel. "Tatuei uma caveira no braço, sem saber que era a imagem de matador de polícia. Uma vez, faz tempo, acabei apanhando dos PMs quando fui abordado no centro. Sorte que eu não tinha passagem", lembra. Depois do susto, o Papai Noel rock n'roll preferiu cobrir a caveira com outro desenho para evitar novas polêmicas.
O visual radical e o jeito despachado dão lugar à ternura quando ele fala das crianças que atende. "O mais legal de ser Papai Noel é ver os olhinhos dos pequenos. Parecem duas luzinhas".
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