25.1.13

Parker

Levantando-se bruscamente, abriu a janela, deitou a cabeça de fora e recolheu-a um momento depois, ao mesmo tempo que praguejava energicamente: Diabo!

Imediatamente todos no restaurante olharam assustados para a moça. Uma mulher deveria ser feminina e a população não podia aturar rapariga moderna neurótica que dança de manhã à noite, fuma como uma chaminé e usa uma linguagem dessas.

A vista que todos tiveram foi a de uma moça com rosto bonito e atrevido, coroado por um chapeuzinho vermelho não menos atrevido. Seus cabelos dourados cobriam cada uma das orelhas. Deveria ter seus 19 anos.

- Valha-me Deus, escandalizei os nossos clientes!
Observou dirigindo-se à audiência.
- Peço desculpa da minha linguagem. É muito pouco feminina e tudo o mais, sim senhor, mas, meu Deus, tenho motivos mais do que suficientes para a utilizar! Acabo de ler no jornal que meu esposo está preso!

Normalmente ela não tinha uma atitude dessas, era educada, gentil, com bons modos e, principalmente, um linguajar polido e inteligente. Tanto que já havia chegado a trabalhar escrevendo introduções de discursos para políticos locais.

Era muito atraente, muitos dos clientes do restaurante tentavam flertar com ela. Tinha 1,50 m de altura e pesava 41 kg. Era simplesmente encantadora. Entretanto, tinha uma personalidade muito forte.

Um dos funcionários do restaurante comentou com um cliente assim que a cena se concluiu:
- Quando fica furiosa ela é assim. Um autêntico diabinho! Não possui papas na língua nem nos atos! Uma vez quase mandou um tipo desta para melhor. Sério! Ele não estava a merecer outra coisa, aliás. Ainda um dia destes se mete em encrenca. Sabe-se lá seu esposo não é do mesmo tipo e, por esta razão, acabou preso.

Minutos depois, enquanto servia, um dos clientes tentou puxar assunto com a bela moça, apresentando-se.
- Eu sou Teodhore Standard, sua beleza e sua personalidade são muito atraentes, não gostaria de trocar algumas palavras após seu expediente?
- Teodhore Standard... Conversaria com prazer com uma versão Deluxe, mas a Standard não, obrigada.

Imediatamente o carteiro sentado na mesa ao lado começou a rir da cena e, principalmente, da velocidade de raciocínio que a moça tinha para responder às mais diversas investidas que sofria diariamente no restaurante. Ele era um frequentador e já conhecido dos funcionários. Obviamente já havia tentado algo com a moça e se dado mal.

- Não dê risada de nossos outros clientes, Mr Hinton. Não te esqueças que foste tão abusado quanto ele comigo.

Mesmo recebendo todo tipo de cantada de homens mais velhos e de sucesso na vida. Mesmo com a experiência de ter já casado e separado. Mesmo com sua inteligência e perspicácia acima da média ela não sabia que o homem que mudaria sua vida teria a sua idade e seria abusado o suficiente para, em 1930, usar uma cantada que ela teria prazer em cair.

- A senhorita gostaria de me ver lhe dando um beijo?
- Não!
- Então feche seus olhos.

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