15.3.11

Efetividade, tolerância e dores de cabeça

Por que tantos pacientes saindo do efeito dos anestésicos após uma grande cirurgia sentem dor de cabeça? É porque, em muitos casos, eles não estão acostumados a ficar tanto tempo sem café. A boa notícia é que, se eles esperarem só mais alguns dias, podem começar a poupar os efeitos do café para quando realmente precisarem.

A efetividade da cafeína varia significativamente de pessoa para pessoa, graças à genética e outros fatores. A meia-vida média da cafeína – ou seja, o tempo que demora para metade de uma dose ingerida desaparecer – é de cerca de cinco a seis horas no corpo humano. Mulheres tomando contraceptivos orais precisam geralmente do dobro do tempo para processar cafeína. Mulheres entre a ovulação e o início da menstruação observam um aumento similar, ainda que menos severo, da meia-vida. Para fumantes frequentes, a cafeína demora metade do tempo para ser processada – o que, de certa forma, explica por que alguns fumantes geralmente bebem mais café e se sentem mais agitados e ansiosos, porque eles não têm consciência de como os seus corpos funcionam sem os cigarros.

À medida que alguém começa a consumir cafeína regularmente, o corpo e a mente começam a desenvolver uma tolerância, então passa a ser necessário mais café para atingir o efeito que meia xícara costumava ter — quanto a isso, os pesquisadores todos concordam. Exatamente como a tolerância se desenvolve é que ainda não está muito claro. Muitos estudos sugeriram que, assim como acontece com qualquer vício em drogas, o cérebro tenta se esforça para retomar a sua função normal enquanto está sob “ataque” da cafeína, e ele faz isso se auto-regulando, criando mais receptores de adenosina. Mas o uso regular de cafeína também demonstrou diminuir o número de receptores de noradrenalina, um hormônio relacionado à adrenalina, junto à serotonina, um melhorador de humor. Ao mesmo tempo, o seu corpo pode observar um aumento de 65% em receptores para GABA, um composto que faz muitas coisas, incluindo a regulagem da tonificação muscular e ativamento dos neurônios. Alguns estudos também mostram alterações em diferentes receptores de adenosina quando a cafeína se torna de consumo corriqueiro.

Foi sugerido que a cafeína provavelmente não é responsável direta por todas estas mudanças. Ao impedir o seu cérebro de usar os seus sensores normais de “estou cansado”, porém, a sua cafeína pode estar fazendo com que o cérebro altere a forma com que regula as coisas de que gosta. O seu Venti Café Mocha vai cada vez menos longe. (Foto por zoghal)

Um estudo de 1995 sugere que humanos se tornam tolerantes à sua dose diária de cafeína – seja um simples refrigerante ou um consumo desenfreado de espressos – em algum momento entre o sétimo e o décimo segundo dia. E a tolerância é mesmo bem forte. Um teste de uso contínuo de pílula de cafeína dividiu os participantes em dois grupos – deles ganhava astronômicos 900 miligramas por dia, enquanto o outro tomava apenas placebos. Ambos os grupos estavam praticamente idênticos em termos de humor, energia e estado de alerta depois de 18 dias. O pessoal tomando o equivalente a nove doses de café preto todos os dias não estavam mais sentindo os efeitos. Mas eles passariam a sentir imediatamente quando parassem.

Você começa a sentir a abstinência de cafeína bem rápido, cerca de 12 a 24 horas depois da última ingestão. Isso explica em partes por que a primeira xícara da manhã é tão importante: ela está curando a abstinência da noite. As razões para a abstinência são as mesmas que ocorrem com a dependência de qualquer substância: o seu cérebro estava acostumado a operar de uma determinada forma, com a cafeína, e agora subitamente está trabalhando em circunstâncias completamente diferentes, ainda que todas as mudanças de receptores ainda estejam valendo. Dores de cabeça são o efeito praticamente universal do corte de cafeína, mas você também pode sentir depressão, fadiga, letargia, irritabilidade, náusea e enjoos, além de efeitos mais específicos, como espamos do músculo ocular. Mas geralmente isso passa depois de 10 dias – novamente, dependendo dos seus fatores fisiológicos particulares.

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