PERNALONGA
Não apenas não vemos tudo que achamos que vemos, como mesmo aquilo que achamos que já vimos, nossa memória, funciona de forma diferente da que acreditamos. Isto é demonstrado de forma clara pela síndrome da falsa memória.
Em
mais um experimento, a psicóloga americana Elizabeth Loftus mostrou a vários sujeitos propagandas da Disneyworld, incluindo uma inocente apresentação do personagem Pernalonga cumprimentando algumas crianças no parque. Pouco tempo depois, a psicóloga fez uma pergunta sugestiva a eles. Será que eles se lembrariam, quando haviam ido à Disney, de ter encontrado o Pernalonga e “abraçado seu corpo felpudo e mexido em suas orelhas macias”?
Até um terço dos sujeitos disseram se lembrar de ter feito isso. Mas eles nunca o fizeram, porque você vê, o Pernalonga é um personagem da Warner que nunca esteve na Disneyworld — Warner e Disney são concorrentes, é o motivo pelo qual você nunca viu Mickey e Pernalonga no mesmo desenho. Até onde sabemos, ninguém jamais abraçou o coelho da Warner na Disney. A
propaganda mostrando a cena era uma montagem.
O que Loftus fez foi implantar uma falsa memória. Ela também o fez sugerindo a pessoas que haviam se perdido em um shopping quando crianças: a memória do acontecimento fictício passou a fazer parte das lembranças dos sujeitos, como
qualquer outra.
Lembra-se do “Vingador do Futuro”? Implantar falsas memórias na mente das pessoas não requer equipamentos da Rekal Inc., basta algumas sugestões certas.
Isto é especialmente verdade com a hipnose e pessoas sugestionáveis, mas o
surgimento de falsas memórias ocorre em maior ou menor grau em todos. Longe de ser um enorme arquivo de registros, nossa memória é maleável e facilmente manipulável.
Hora para uma fábula.
Continuando o post anterior, excelente texto de Kentaro Mori, divulgado no Dúvida Razoável, do Sedentário & Hiperativo.
Por um Mundo + AWAY! 2000inove!
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