Era Maio de 1984, vários eventos foram organizados para promover o novo circuito de Nürburgring, feito para substituir o anel norte nos eventos de F1. O circuito estava de fora da categoria desde 1976 e o acidente de Nikki Lauda.
A Mercedes estava lançando seu novo modelo, considerado um sedã compacto para a marca, o 190E 2.3-16V, com o famoso motor de quatro cilindros preparado pela inglesa Cosworth.
A Mercedes queria promover o carro como um carro de grande desempenho, e a Alemanha queria promover o seu novo circuito para a F1, o que fazer então? Uma corrida com 20 grandes pilotos vivos, é claro!
Entre os pilotos convidados, lendas vivas como Sir Stirling Moss, Jack Brabham, John Surtees e Phil Hill. Talvez estes os maiores pilotos ainda vivos na época. Campeões mundiais veteranos como Alan Jones, Denis Hulme, Keke Rosberg, Niki Lauda, Jody Scheckter e James Hunt. Também foram escalados, e para completar o grid de vinte carros, os pilotos Jacques Laffite, Carlos Reutemann, John Watson, Alain Prost, Elio de Angelis, Klaus Ludwig, Udo Schultz, Hans Herrmann, Manfred Schurti e um tal de Ayrton da Silva.
Alain Prost deu uma entrevista na época contando que ele recebeu um pedido de um dos responsáveis da Mercedes pelo evento, pedindo que ao chegar no aeroporto, no começo do fim de semana da prova, levasse com ele o jovem Ayrton, que estava no mesmo aeroporto. Prost contou que conversaram normalmente, em um clima amigável.
Nos treinos para a corrida dos 190E, os pilotos já estavam levando o evento a sério. Os mais jovens mostraram-se rápidos, a pista molhada dificultava um pouco, o traçado era novidade para todos. Ao final dos treinos, Prost foi o mais rápido, e para surpresa de todos, Senna foi o segundo. “Depois dos treinos, Senna não falou mais comigo”, relatou o francês.
Logo no começo da corrida, Senna e Prost se estranharam, o francês levou a pior e foi lá para trás na classificação. Ao final da corrida, o tal Ayrton Senna da Silva conseguiu abrir quase dois segundos de vantagem para ninguém menos que Niki Lauda e Carlos Reutemann.
A imprensa, presente em peso a convite da Mercedes, não perdeu tempo em destacar o espantoso talento na pista úmida do brasileiro que até então teve apenas algumas participações atraentes na F-1. Aquele jovem brasileiro que pilotou com maestria a não se intimidou frente a gigantes como Jack Brabham e Stirling Moss.
Os outros pilotos que participaram da corrida da Mercedes elogiaram muito a pilotagem de Senna, talvez um pouco agressiva, mas ainda assim muitos elegeram o brasileiro como promessa a curto prazo.
Provavelmente esta foi a chance que Senna viu de provar a todos que ele era um piloto determinado a ser campeão do mundo, e que não se intimidaria por ninguém. Talento ele tinha de sobra, o segundo lugar na qualificação logo atrás de Prost já mostrava isso, mas a disputa forçada com o francês provou que ele não deixaria nada atrapalhar seu caminho até à vitória.
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