Logo de cara, é bom repetir: tanto o cérebro humano quanto a cafeína estão longe de serem completamente entendidos e explicados pela ciência moderna. Dito isso, há um consenso sobre como um composto encontrado por toda a parte na natureza, a cafeína, afeta a mente.
A todo momento em que você está acordado, os neurônios no seu cérebro estão atirando. Enquanto atiram as suas informações, eles produzem adenosina como um subproduto disso. Mas a adenosina está longe de ser um mero excremento. O seu sistema nervoso monitora ativamente a quantidade de adenosina através de receptores. Normalmente, quando o nível de adenosina chega a um certo ponto no seu cérebro e na medula espinhal, seu corpo vai começar a sugerir que você durma, ou pelo menos pegue leve. Há alguns receptores diferentes de adenosina pelo seu corpo, mas a cafeína aparentemente interage mais diretamente com o A1. Mais sobre isso em breve.
Bom, chegamos à cafeína. Ela ocorre em todos os tipos de plantas, e parentes químicos da cafeína são encontrados no seu próprio corpo. Mas quando ingerida em quantidades substanciais, ela funciona como um imitador extremamente talentoso de adenosina. Ela vai direto para os receptores de adenosina do seu sistema e, graças às suas similaridades com ela, é aceita pelo seu corpo como sendo adenosina de verdade, entrando nos receptores.
Mais importante do que apenas se encaixar, a cafeína na verdade se liga a estes receptores de maneira eficiente, mas não os ativa — eles ficam obstruídos graças ao formato particular e à composição química da cafeína. Com os receptores bloqueados, os estimulantes do próprio cérebro, dopamina e glutamato, podem trabalhar mais livremente. No livro, Braun compara os poderes da cafeína a “colocar um tijolo debaixo de um dos principais pedais de freio do cérebro”.
É uma metáfora adequada por deixar bem claro que a cafeína não pisa no acelerador do nosso cérebro, ela apenas desativa um “um dos principais” freios. Há outros compostos e receptores que têm um efeito nos seus níveis de energia – GABA, por exemplo -, mas a cafeína é uma maneira básica de impedir o seu cérebro de se auto-sabotar, de certo modo. Tanto é que Braun escreve: “Você só consegue ficar ‘ligado’ na medida natural do possível para os seus neurotransmissores de excitação”. Em outras palavras, você não pode usar a cafeína para apagar completamente uma semana inteira em que ficou estudando até muito tarde da noite, mas pode usá-la para sentir-se com menos sono pela manhã após uma noite curta.
Estes efeitos variam, em duração e força, de pessoa a pessoa, dependendo de fatores genéticos, fisiológicos e de tolerância. Mas falaremos mais sobre isso daqui a pouco. O importante é perceber que a cafeína não é tem um efeito tão simples como um estimulante direto, como anfetaminas ou cocaína; o seu efeito na nossa capacidade de ficar alerta é bem mais sutil.
Ctrl+C: Gizmodo Brasil(excelente)
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