25.11.10

Tarde cinza

Era um fim de tarde, dessa vez, cinza.

Eles haviam combinado de se encontrar em Dublin, ambos eram apaixonados pela Europa, quase que como um todo. Haviam pensado, pelo menos uma vez, em morar em Dublin, tocar nas ruas de Londres, casar em Paris e terminar a vida na Itália, em qualquer província.

Então, haviam decidido se encontrar em Dublin em dois anos. O tempo passou e o encontro não aconteceu. Eles pararam de se ver e se falar por um tempo, não tenho idéia do motivo. Mas, agora, lá estavam eles, novamente, juntos, no fim do dia, com aquela chuva fina que eles queriam ter passado muitas vezes juntos.

Ali estavam, tudo cinza, a chuva fina. Estavam onde queriam estar, mesmo sendo em Porto Alegre.

Ele olhava ela, ela olhava ele. Dessa vez, ele não ficou quieto, mas, as palavras saíram tão rápido que ela não conseguiu devolver uma palavra, ele falou incessantemente.

"Cara, eu queria ter passado todo o tempo do mundo contigo lá. Queria ter olhado teus olhos, como agora, cada segundo que fosse suficiente pra me deixar satisfeito.
Mas, não sei. Tu aparece e some, como sempre fez... Eu sei, isso faz muito parte da tua mágica e é uma das coisas que me deixa preso à ti. O fato de não estar preso, muito pelo contrário.
Eu sei que sou chato demais quase sempre, sei que falo de ti, falo pra ti, te acordo de madrugada bêbado e devo ter falado demais de alguma coisa pra ti. Talvez, não tenha causado uma boa impressão quando te levei pra dormir na minha casa. pode ter acontecido algo que tu não gostou, ou não e talvez aí esteja... mas, infelizmente eu não sei.
Pode ser também que simplesmente tu não esteja afim ou nem se ligou em nada, só tá na tua, normal, indo e voltando, como sempre fez...
Mas, sei lá, eu preciso de algo, sabe, esse tempo que agente passa sem se falar é bem complicado pra mim. Eu sempre olho pra ti e vejo aquela obra de arte, aquela cena que me inspira, faz eu simplesmente botar tudo no papel e até tem um resultado mais ou menos... Eu quero isso, sabe...
Talvez o mundo não seja pequeno, nem seja a vida um fato consumado. Quero inventar o meu próprio pecado, quero morrer do meu próprio veneno."

"Cale-se!"

Ela puxa e beija ele. Uma cena que nunca tinha acontecido, ele sempre tomou as atitudes, mesmo sendo muito tímido e, por isso as cenas assim eram poucas.

"Agente tem que sair pra beber... Eu tô com umas histórias engraçadas pra contar"

Keep Simple!

Um comentário:

Greyce Malta disse...

Não gosto de ti, mas gosto das tuas cronicas. Sempre muito boas!