4.7.10

Aquele whisky que eu te devia.

Era dia de São Patrício, e era um dia de semana.

Há tempos, tinha prometido pra ela um whisky e ele esteve lá, por muito tempo, esperando o dia que ela aparecesse.

Combinamos, então, que ela viesse neste dia. Nada melhor que este dia para tomar whisky.

Cheguei em casa do trabalho. Ela já sabia, mais ou menos, que hora eu chegava. Não demorou muito pra ela me ligar “Estou chegando, me espera ali em baixo, não lembro qual é o teu prédio.”

Desci e esperei, em poucos segundos, um táxi chegou e eu a vi. Aquela clássica figura, ar europeu, às vezes francesa, às vezes, inglesa. Mesmo, sendo de família italiana.

Vi ela pagando e descendo.

Fomos até o meu apartamento, ela entrou e logo começou a achar semelhanças e diferenças do passado: “Essa parede era de outra cor”, “estes móveis não eram assim, eu acho”, “Teu quarto está completamente diferente”.

Ao ouvir essa frase, eu lembrei do passado, quando sentamos na minha cama e lhe declamei aquela clássica frase:
“A melhor coisa sobre MJ é quando você olha nos olhos dela e ela olha de volta nos seus… tudo parece fora do normal porque você se sente… mais forte… e mais fraco ao mesmo tempo. Você fica eufórico e ao mesmo… apavorado. A verdade é que você não sabe como se sente, só sabe o tipo de homem que quer ser. É como se atingisse o inatingível… sem estar preparado pra isso”

Voltando ao presente, continuamos conversando, ela me lembrou como me desperta o meu modo louco de ser, a vontade que ela me desperta de largar tudo, comprar um carro e dirigir pelo país da maneira mais louca possível.

Então, fomos até o mercadinho da esquina pra comprar algo pra comer. Compramos batatas para forno e queijo. Colocamos as batatas em uma forma, tomando cuidado para nenhuma ficar pro cima de outra, pegamos o queijo e, enquanto ficamos conversando, partíamos ele em tiras e colocávamos por cima. Então, tudo foi para o forno.

A TV nos trouxe diversos assuntos “Não gosto desse programa”, “Como podem gostar disso?”, “Uma vez fiquei com um baterista de uma banda que não era tão boa, mas, faz relativo sucesso”, “Isso é questão de conhecer as pessoas certas, que te alavancam”, etc...

Pegamos a garrafa e começamos a beber, assim como as batatas, que já estavam prontas. Ela não conseguia tomar puro, pelo menos os primeiros copos. Ela misturava com Coca-Cola, eu, tomava puro. Ela disse que eu estava acostumado com whisky, ela, com cerveja.

Após alguns goles e quase meia garrafa, fomos dormir.

Ela dormiu na minha cama, eu, no chão. Ela me pediu uma bermuda emprestada, disse pra ela escolher na gaveta, ela achou uma. Pediu pra eu me virar, pra não olhar. Ela tirou a calça e colocou a bermuda, ficou um tempo com ela e disse que era muito apertada “Como tu consegue usar isso?”

Ela pegou outra e botou, dessa vez, virei antes que ela falasse que podia virar, mas, já na hora que ela ia dizer, então, não vi nada. Ela não gostou também do meu travesseiro. Trocamos.

Foi uma das piores noites que já tive. Perdi as contas de quantas vezes pensei em subir na cama e isso não me deixou dormir. Aparentemente, ela também não dormiu.

No dia seguinte, estava frio. Ela pediu uma das minhas flanelas. Novamente ela escolheu.

Ofereci café, ela não aceitou. O Café era a única coisa que eu tinha planejado, pois ela, uma vez, tinha dito que o café da manhã tem uma certa “mágica”.

Então, lá foi ela, com minha flanela, com visual claro de quem não dormiu em casa e, ao chegar no trabalho, seu chefe notou. Isso não seria problema, caso ela não estivesse há uma semana no emprego.

E o saldo desse dia? Ela, com minha camisa, e eu, com lembranças, vontades e o cheiro dela por todos os lados.

Keep Simple!

2 comentários:

Greyce Malta disse...

Não tão bem escrita como as outras, mas linda!

Anônimo disse...

aquela do dia de sao patricio de 2 anos atrás

=)