13.4.14
NSX, o carro que Senna ajudou a criar
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Eram os dias felizes do final dos anos 80, quando um rio de dinheiro desaguava no mercado dos supercarros: a Ferrari lançou o F40, sua máquina de F1 disfarçada; a Porsche lançava sua maravilha técnica, o 959, e a Lamborghini tinha pronto o seu Diablo.
Neste momento, o Japão exercia um forte controle sobre o mundo automobilístico, produzia carros práticos com uma boa relação qualidade/preço e o mais importante: eram muito seguros. Por outro lado, a Honda hava demonstrado que era capaz de fabricar motores de Fórmula 1 que superavam as ofertas da Ferrari e da Porsche.
Então, chegou o momento de atacar o segmento de mercado mais difícil: o dos supercarros. O desenho do NSX começou a ser produzido em 1984 e era inspirado no caça americano F-16 Falcon.
A Honda se aproveitou de ter um dos melhores pilotos do mundo e muito know-how técnico à disposição e não economizou recursos para construir o seu superesportivo. O chassi foi ajustado por Satoru Nakajima e Ayrton Senna, que convenceu a empresa a aprimorar a rigidez estrutural depois de um célebre teste em Suzuka.
Sempre pensou-se que a carroceria do NSX seria de aço, porém a Honda mudou e utilizou o alumínio. Isto significava 175 kg. O alumínio também foi utilizado nos braços oscilantes da suspensão.
No início, o peso do NSX era de 1.267 kg, pouco mais que os 1.262 kg da Ferrari 328 e menos que os 1.390 kg do Porsche 911 Carrera.
O motor V6, também de alumínio, estava montado transversalmente atrás do compartimento de passageiros. A cilindrada era de 2.977 cc e a potência efetiva de 274 CV a 7.300 rpm. Números relativamente altos que proporcionavam ao motor um belo ronco quando estava em plena potência. O V6 tinha duplo eixo de comando de válvulas sobreposto por bloco de cilindros e também incorporava o sistema variável de sincronização de válvula da Honda (VTEC-ironicamente, qualquer Civic atual tem a mesma tecnologia).
A faixa vermelha do conta-giros começava nos 8.000 rpm. Com esse motor, o Honda NSX chegava aos 270 km/h e tinha uma aceleração de zero a 100 km/h em 5,6 segundos. Os números eram equivalentes aos do Porsche 911 e da Ferrari 348. O esportivo alemão tinha mais torque, 31,6 kgfm, porém menos potência (250 cv), por isso acelerava em 5,9 segundos e não passava dos 260km/h. A Ferrari com seu V8 era somente 0,1 segundo mais rápida que o NSX e superava a velocidade máxima em 5 km/h.
O NSX era equipado com uma caixa de câmbio manual de cinco marchas e diferencial autoblocante, mas também oferecia transmissão manual de quatro marchas opcional, controlada eletronicamente. Quando o carro foi desenhado, valorizou-se tanto a tração nas quatro rodas como nas duas, entretanto foram descartadas em função da economia do peso.
Durante 15 anos o NSX permaneceu praticamente o mesmo. Nesse tempo ele jamais perdeu o status de supercarro, o que comprova a confiabilidade e a mítica do projeto.
Sua excelência técnica é sentida quando se descobre que ele foi a base para a criação de um dos maiores carros esportivos de todos os tempos: O McLaren F1. Gordon Murray, o homem responsável pela criação do McLaren, teve um NSX por sete anos. E declara abertamente que o NSX foi o “muso inspirador” do McLaren F1, tendo o construído sob princípios similares: "No momento em que dirigi o NSX, todos os carros que tinha como referência para desenvolver meu carro – Lamborghini, Ferrari e Porsche – foram apagados da minha cabeça. É óbvio que o McLaren F1 seria mais rápido que o NSX, mas o comportamento dinâmico e o conforto do Honda seriam minhas novas referências no projeto.”
Talvez por isso a Ferrari tenha ficado com inveja e em 2002 tenha chamado Michael Schumacher para auxiliar no desenvolvimento da Ferrari Enzo.
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