Com suas ideias, Ford acabou definindo o capitalismo do século XX, como a linha de montagem e a jornada de trabalho de US$ 5.
Até o início de 1900, os EUA consumiam mais de 70% da borracha do mundo. Nessa época, a borracha ainda vinha de plantas, então boa parte dela precisava ser enviada do Sudeste Asiático.
Ford não queria continuar dependendo da Ásia, onde as plantações britânicas de seringueiras produziam a maior parte da oferta global de borracha. Então, a comunidade foi criada para resolver um problema causado pelo incrível sucesso do império de Ford.
Mas, é aí que começaram os problemas.
Sabendo que Ford estava interessado em adquirir terras na Amazônia, o cafeicultor Jorge Dumont Villares lhe ofereceu uma área de 14.568 km² imprópria para o cultivo de seringueiras que ele recebeu gratuitamente do governo do Pará.
Quando a Fordlândia nasceu, o ciclo da borracha já havia acabado no Brasil. Ele acabou justamente porque os britânicos passaram a produzir látex com maior eficiência e produtividade no Sudeste Asiático, usando sementes vindas da própria Amazônia.
A missão era criar um subúrbio americano no coração da floresta. Dentro de um período relativamente curto de tempo, já havia casas, água encanada, eletricidade, um hospital de primeira linha e extras como piscinas e um cinema. Os funcionários também precisavam adotar um estilo de vida característico de subúrbios dos EUA, junto a uma forte dose dos princípios morais de Ford: ou seja, bebidas alcoólicas e jogos de azar eram proibidas dentro da cidade.
Esse tipo de imposição cultural talvez até fosse aceito, caso a produção de borracha tivesse decolado. Mas descobriu-se que as seringueiras eram cultivadas no Sudeste da Ásia por um bom motivo: lá não havia predadores como o fungo do mal-das-folhas, que mata as seringueiras. E na Fordlândia, elas eram plantadas muito próximas entre si, o que as tornava um alvo fácil para pragas agrícolas. A produção no país era lenta, e os gestores de Michigan não tinham conhecimento de botânica.
Os funcionários brasileiros começaram a se rebelar contra as regras estritas no estilo de vida. Em pouco tempo, criou-se a chamada “Ilha da Inocência” no meio do Rio Tapajós, onde os trabalhadores podiam relaxar com uma bebida e um acompanhante do sexo feminino. Em 1930, explodiu no refeitório da Companhia uma rebelião conhecida como “quebra-panelas”. Os caboclos se revoltaram contra a obrigatoriedade de comer espinafre quase que diariamente.
Em 1945, quando a invenção da borracha sintética tornou a cidade irrelevante. A empresa vendeu a terra de volta para o Brasil com um prejuízo de US$ 20 milhões na época.
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