7.8.11

Assento reservado

Entrei no metrô na Barra Funda.
Parando na Santa Cecília, muitas pessoas entraram no metrô, entre elas, um senhor.
Não estava em um assento reservado, mas, quem disse que precisamos estar em lugar reservado pra sermos educados?
Gentilmente encostei na mão do senhor e ofereci o lugar à ele.
Ele olhou pra mim e disse:

"Não, não precisa levantar, meu filho. Eu só tenho 55, fica sentado aí!"

Fiquei sem jeito, não rinha certeza de como agir, ele ficou feliz com meu gesto, aparentemente, e continuou comentando:

"Esse assento é reservado também. Ele está reservado para pessoas com olhos azuis."

Foi impossível evitar o sorriso. Ele olhou para o lado, quando uma senhora bem idosa entrou no trem e comentou:

"Ela precisa do assento. Quer ver como o moço do lugar reservado não vai levantar? Afinal, ele trabalhou o dia inteiro e está cansado."

Na hora pensei...
Quantos anos será que essa senhora trabalhou todos os dias, o dia inteiro e, agora, que tem o direito de descansar, não lhe dão?

Na Sé, o senhor comentou:

"Bom, agora um assento vai ficar vago e eu vou sentar, afinal, vou até a Arthur Alvim."

Apenas o lugar de idosos vagou, ele ficou do lado, mas, não sentou no mesmo. Na Pedro II o lugar ao lado ficou vago e ele sentou.
Mesmo com os seus 55 anos, com um lugar vago, tendo que percorrer quase meia São Paulo de metrô, ele seguiu a regra imposta por ele mesmo e não sentou no lugar reservado. Afinal, "tem apenas 55."

Pense nisso na próxima vez que for oferecer um lugar à alguém que acha que precisa, ele pode ter só 55...

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