17.7.11

O show de faíscas da Fórmula 1


Aposto que quem via a Fórmula 1 no final da década de 80 e início da de 90 sentia algo diferente quando os carros largavam. Sempre na tensão de disputas toques e acidentes, um algo a mais fazia com que quem visse se maravilhasse com o fato. Trata-se das famosas sparks, ou na tradução livre para o português: fagulhas.
De mero excesso de peso pelo nível de combustível extremo que os carros levavam – em uma época em que o reabastecimento era proibido – até um modo atrapalhar a vida de quem vinha atrás. A Fórmula 1 fez do jogo de faísca uma de suas táticas de guerra.
Mas de um jeito ou de outro, não há como negar, elas produzem um efeito sem igual. Em minha opinião, minha nostalgia pelas corridas do passado vem, de grande parte, da beleza que era essas faíscas que os carros saltavam.
O velho circuito de Österreichring era mestre em produzir faíscas assim. Sua reta principal era em um aclive acentuado e com muitos bumpings, ou seja, cenário perfeito para se ter um show de faíscas. Na foto em detalhe, uma Williams (ou de Mansell ou de Piquet) passa rasgando pelo circuito austríaco.

Um ponto crítico era quando, em um momento de corrida, o carro de trás aproximava-se para efetuar a ultrapassagem. No vácuo, além de se valer da pouca resistência do ar, o piloto que buscava a ultrapassagem tinha um ônus: fagulhadas na cara!
Jerez de la Frontera, mesmo tendo um asfalto novo – e não só o traçado, mas o autódromo em si, também tinha ondulações que fazia com que os carros saltassem muitas faíscas. Mas se repararem bem perceberão que a configuração de reta de chegada/subida se repete. A boa batalha de Mansell e Piquet ilustra bem a situação.

A épica batalha de Mansell e Senna nas primeiras voltas do Grande Prêmio da Espanha de 1991 a tiveram como cenário de fundo. Em uma das maiores retas do calendário, ambos os mitos vieram lado a lado, roda a roda, faísca a faísca para marcar uma das maiores ultrapassagens da História da Fórmula 1. Infelizmente, ponto para o inglês!

Essa eu sempre costumo brincar que é a faísca da sorte. Uma fagulha de ouro entrou dentro do motor de Nelson Piquet o abençoando, só pode, pois ganhar esse GP do Canadá – sua última vitória na Fórmula 1 – com Nigel Mansell tendo aberto uma diferença de mais de 50 segundos na última volta tem que haver uma explicação. A foto é, de fato, belíssima, não?

Com o passar dos anos as equipes viram que poderiam se valer de soltar faíscas para não deixar seus adversários se aproximarem tanto, desconcentrando-os. Mesmo em uma pista de baixa velocidade com a de Hungaroring, bastava um bumping qualquer para despregar muitas e muitas faíscas. A bela combinação do capacete de Zanardi, do carro Minardi, do asfalto escuro e das faíscas geram uma cena perfeita.

Ao final da temporada de 1992 as equipes já estavam abusando. Até no aerofólio dianteiro, peça que normalmente não gera muita faísca, está sendo capaz de fazer muito estardalhaço. Pierluigi Martini e sua pequena Ferrari (Dallara) que o diga.

Após 1992, as regras da Federação Internacional de Automobilismo se intensificaram, fechando o cerco para aquelas equipes que se valiam do sistema, todavia, vez ou outra uma faiscada saia. Essa de Senna em testes privados foi “intensificada” pela câmera, mas mesmo assim, foi uma senhora “sparkada”.

Ctrl+C: Jalopnik Brasil.

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