Era ano novo, e uma colega de trabalho me convidou pra passar a virada na praia, na casa de uma amiga dela com um grupo de amigos.
Eu consegui sair mais cedo do serviço, peguei a Freeway com destino ao litoral. No caminho, parei pra tirar uma água do joelho e liguei pra minha colega.
“Tá só a Juno lá, a dona da casa. Pode ir que agente já tá saindo daqui.”
“Cara, eu não conheço ela, liga pra ela e avisa que eu tô indo. Fala como é o carro e como eu sou. Tu sabe que eu sou meio tímido de cara”
“Tímido, uhum... Pode deixar que eu ligo.”
Tirei as últimas dúvidas que tinha de como chegar na casa da tal Juno e segui viagem.
Depois de algum tempo, meu telefone toca, é um número desconhecido. Aproveitei que o trânsito estava parado, atendi.
“Oi, é a Juno. Tu já tá chegando?”
“Tô quase aí, tá meio trancado chegar.”
“Tu também ficou preso no acidente da Freeway?”
“Não, já tô chegando mesmo, já saí da Freeway. Os guris ficaram presos?”
“Aham, um caminhão tombou, tá tudo parado, não sei se eles vão conseguir chegar antes da meia-noite.”
Tirei mais dúvidas de como chegar e, em 10 minutos, estava lá.
Nos apresentamos oficialmente, era cedo, cheguei cansado, ela ofereceu um dos quartos da casa enorme com um lindo sofá de canto vermelho que ela tinha na beira da praia.
Dormi, acho que por umas duas horas, ou mais. Acordei por volta das 21h, perguntei se podia tomar um banho, ela disse que sim, e avisou que ninguém ia conseguir chegar a tempo pra virada. Ela perguntou se eu aceitava um vinho, falei que sim, quando saí do banho, a vi.
Cabelo dourado, olhos verdes, magra, de vestido branco, colar grande, pronta pra virada. A garrafa de vinho aberta e as taças cheias ao lado do sofá de canto vermelho.
Bebemos e conversávamos enquanto nos conhecíamos. Conversamos sobre as superstições, cor da roupa de baixo e o quê desejava, ela sabia a representação de cada cor.
À meia-noite, o resultado era esse: o sofá de canto vermelho, com uma garrafa de vinho vazia e um vestido branco em cima.
Pela manhã, enquanto os outros chegavam e corríamos pra juntar nossas roupas espalhadas pela casa, perguntei o quê nos esperava neste ano, já que havíamos passado sem roupas de baixo...
Essa ela não sabia responder.
Sentamos no sofá de canto vermelho e comíamos morango enquanto passávamos o dia primeiro, como se nada tivesse acontecido, mas, com aquele gostinho do vinho.
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