25.8.13

Aeromóvel, o fracasso

Como vimos anteriormente, o Aeromóvel tinha tudo pra dar certo.

Fortemente entusiasmado pelos resultados otimistas de performance do Sistema, o Governo Federal promoveu a participação do Brasil na Feira de Hannover (Alemanha) em 1980, ocasião em que 18.000 pessoas foram transportadas ao longo de nove dias, com total conforto e segurança, atendendo aos mais elevados padrões de qualidade impostos pelo exigente Comitê alemão.

No mesmo ano, o Ministério dos Transportes, decidiu pela construção de uma Linha Piloto na cidade de Porto Alegre. De acordo com os planos originais da cidade, a Linha deveria ter inicialmente cerca de um quilômetro de extensão, com duas estações, de forma que a tecnologia pudesse ser certificada e demonstrada em escala real, para posterior expansão. O objetivo final era aproveitar o investimento e torná-la uma linha comercial, sendo um anel de quatro quilômetros que revitalizaria o centro da capital, de maneira a retornar para a sociedade o investimento realizado.

Em outubro de 1981, o Ministro dos Transportes e o Governador do Estado assinaram um contrato para implementação da Linha Piloto de Porto Alegre. Um valor equivalente a US$ 2,7 milhões foi orçado para a construção de 1.025 metros de via elevada em concreto protendido, conectando duas estações com um veículo articulado com capacidade nominal para 300 passageiros.

Sucesso garantido! Transporte limpo, barato e altamente tecnológico. Mas aí você lembra que está no Brasil.

Em setembro de 1982, a construção da Linha Piloto do Aeromóvel foi iniciada, após aprovação unânime pelas autoridades municipais. No entanto, logo após o início das obras houve uma mudança nas lideranças do Ministério dos Transportes e a liberação de recursos para obra foi abruptamente suspensa. O resultado desta postura foi dramático, causando grande prejuízo para o projeto. A solução para não abandonar o que já tinha sido feito foi o encurtamento da linha para apenas 650 metros e a edificação de uma única estação, com o início dos primeiros testes em abril de 1983. O financiamento da obra tornou-se exclusivamente privado, bancado com recursos da própria COESTER.

Mesmo com uma construção apenas parcial da Linha originalmente prevista, a pressão popular e da mídia compeliu o Ministério dos Transportes a encomendar uma série de testes de performance no sistema, a serem promovidos pela UFRGS e pelo IPT de São Paulo (Instituto de Pesquisas Tecnológicas). O Parecer Final do Comitê, em 1985, confirmou a viabilidade da tecnologia e recomendou que a Linha Piloto fosse concluída, conforme originalmente projetada em 1981.

Em dezembro de 1986, o Ministério de Ciência e Tecnologia resolveu dar continuidade. Logo, um contrato foi assinado com objetivo de finalmente completar o primeiro quilômetro da Linha Piloto, aos moldes dos planejamentos iniciais. No entanto, a ausência de cláusula contratual de reajuste de valores para compensar a inflação, reduziu os recursos drasticamente em relação ao originalmente previsto, comprometendo as metas estabelecidas, permitindo apenas a extensão da linha e a construção parcial de uma segunda estação. Os recursos aportados foram totalmente reembolsados pela COESTER, tornando a Linha Piloto uma grande obra publica custeada por uma pequena empresa privada nacional, em domínio e de interesse públicos.

Uma verdadeira vergonha. Enquanto isso, fora do país eram feitas reportagens sobre a magnífica tecnologia.

Os japoneses na época ficaram impressionados com o Brasil, o país do futuro! (Não entendo japonês, mas é o que comentam sobre o vídeo)

O Japão, país das tecnologias revolucionárias, se rendia à tecnologia brasileira enquanto o próprio Brasil desdenhava uma magnífica tecnologia. Dizem que as empresas de ônibus tiveram tudo a ver com esses cortes de dinheiro. Afinal, se não há concorrência, o ganho de dinheiro é garantido.

Obviamente o Aeromóvel nunca foi a linha comercial que havia sido comentada, uma verdadeira tristeza.


Lá fora o Aeromóvel realmente era muito bem visto. A Indonésia apostou nisso, mas isso é assunto pra outro post.

Nenhum comentário: